Inspirado na metáfora de O Sonho de Ícaro, o desfile de moda, realizado nesta segunda-feira no Presídio Regional de Santa Maria, foi uma grande aula de cidadania.
Oito presas apresentaram as criações que produziram durante os cursos do Pronatec/Susepe, em parceria com o Sebrae. Três receberam o certificado na oficina de Costura, ministrada por Antoninha Pedroso da Rosa, e cinco, na oficina de Modelagem, conduzida por Paulo Brasil. O resultado foram três vestidos de gala bordados e três peças com o melhor da alfaiataria.
- Desde o primeiro dia de aula, propus seguirmos O Sonho de Ícaro, contei toda a história, e elas se motivaram. No fim, a coleção saiu inspirada na lenda. Elas ganharam as asas da liberdade para que usem com responsabilidade lá fora e nunca mais voltem para cá (presídio) - afirma Brasil.
Além de autoridades, entre Câmara de Vereadores, Susepe e lojistas, o desfile foi registrado pelos olhos atentos e cheios de orgulho dos familiares das presas.
- Por falta de oportunidade, essas mulheres acabaram no presídio, porque as políticas públicas falharam. Projetos como esse, de inclusão social, possibilitam que essas pessoas saiam daqui sem o estigma de serem ex-detentas - afirmou a diretora do Departamento de Tratamento Penal (DTP), Sandra Fonseca.
Presas também brilharam como modelos
Para outras duas apenadas, o dia de ontem também foi inesquecível. Ao lado da modelo da AGM, Aline Gonçalves, 18 anos, Greice Franciele Soares, 26, e Elisângela Lucca, 37, foram duas das grandes estrelas da tarde. As presas desfilaram com as roupas produzidas pelas colegas.
A passarela foi montada no próprio ateliê onde as apenadas tinham aula, no Pavilhão de Trabalho do presídio. O desfile ainda teve direito a tapete vermelho e Madonna de trilha sonora. Um coquetel encerrou a cerimônia de formatura.
- Para mim é um sonho realizado. Durante os meus 20 anos de carreira, sempre quis promover um projeto como esse, porque somos carentes em mão de obra especializada e aqui temos mão de obra garantida. Elas saem daqui prontas e empregadas - afirma Antoninha, gerente de produção da Limite Urbano, fábrica que emprega pelo menos cinco costureiras formadas no presídio.